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As vacinas indispensáveis na gravidez e no pós-parto

Os anticorpos, as células de defesa da mãe são transferidos ao feto durante a gestação e, após o nascimento, eles chegam ao bebê por meio da amamentação. Assim, mesmo sem ter tomado injeções, seu filho estará protegido contra algumas doenças nos primeiros meses de vida. Apesar de o ideal ser se vacinar antes de engravidar, as imunizações também podem acontecer durante a gestação e no período imediatamente posterior ao parto.  

Então, encontre a sua caderneta de vacinação e descubra, a seguir, quais são os imunizantes que podem e devem ser tomados. Lembre-se de que estas vacinas devem ser tomadas apenas se mulher não foi imunizada previamente, não sabe se já foi vacinada, ou caso seja necessária uma dose de reforço.

  • INFLUENZA

    Por que é importante: esta vacina é essencial, pois tanto a gripe comum como a gripe A são mais graves durante a gestação. “Isso ocorre porque toda a grávida tem o seu sistema imunológico mais fraco para não agredir os antígenos — partículas capazes de deflagrar reações imune — próprios do feto. Assim, o organismo responde a infecções de forma mais lenta”, explica a ginecologista Nilma Neves, presidente da Comissão Nacional de Vacinação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

    Em 2010, quando as gestantes ainda não estavam incluídas na campanha de vacinação contra a gripe, as grávidas representaram 24% das mortes devido ao H1N1. Já em 2011, ano em que passaram a participar da campanha, o número de óbitos de gestantes caiu para 7% do total, de acordo com o Ministério da Saúde. “Até mesmo a gripe normal pode causar problemas, pois há o risco de a doença desencadear um parto prematuro”, conta a infectologista Rosana Richtmann, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.

    Além disso, conforme mencionado anteriormente, ao herdar os anticorpos da mãe na gestação, o bebê já nasce mais protegido. “A gripe pode ser mais grave nos recém-nascidos justamente porque eles ainda não possuem os anticorpos contra a doença”, diz Richtmann.  Com a vacinação da grávida, o bebê, que só pode tomar a vacina da influenza a partir dos seis meses de vida, têm suas defesas fortalecidas para enfrentar a gripe.

    Quando tomar: a Influenza pode ser tomada em qualquer fase da gestação. Consiste em uma dose única e está disponível gratuitamente para as grávidas em postos públicos de vacinação. Ela é contraindicada para pessoas com histórico de reação alérgica a ovo.

  • HEPATITE B

    Por que é importante: a hepatite B costuma não apresentar sintomas, mas as manifestações mais comuns são vômitos, dores musculares, náuseas e mal-estar, entre outros. A doença gera a inflamação do fígado e a maioria das pessoas se cura depois de duas semanas. Porém, entre 5% e 10% dos adultos ela se torna crônica e pode evoluir para cirrose ou câncer no fígado. Estima-se que 350 milhões de pessoas no mundo tem a hepatite B crônica e não sabem. Caso a mulher contraia o vírus durante a gravidez, a situação se complica, pois a transmissão para o bebê pode ocorrer durante a gestação ou, principalmente, no momento do parto. “É bom que a mãe esteja imunizada, caso contrário, existe risco de transmitir a doença ao filho na hora da passagem dele pelo canal do parto”, esclarece o pediatra Eitan Berezin, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

    Em recém-nascidos, as chances de a hepatite B evoluir para uma hepatite crônica é de 90%, de acordo com o Ministério da Saúde, por isso os bebês recebem a primeira dose contra hepatite B logo após nascerem. 

    Quando tomar: a mulher pode receber esta vacina a partir do segundo trimestre de gravidez e são três doses. Esta vacina está disponível em postos públicos de vacinação para as gestantes e não é preciso reforço.

  • TRÍPLICE BACTERIANA ACELULAR DO TIPO ADULTO (DTPA) OU DUPLA DO TIPO ADULTO (DT)

    Por que é importante: a vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) proporciona imunidade contra difteria, tétano e coqueluche — enquanto a dupla tipo adulto (dT) protege apenas contra as duas primeiras doenças — e, desde novembro de 2014, ela está disponível no Sistema Único de Saúde - SUS. A incorporação da vacina dTpa ao calendário nacional da rede pública tem o objetivo de proteger os recém-nascidos contra a coqueluche, que é uma doença muito grave em bebês, em especial naqueles com até 3 meses de vida. Ela é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que causa um quadro inflamatório nas vias respiratórias e, em situações extremas, pode ocasionar a morte por insuficiência respiratória.

    Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a coqueluche era uma doença que vinha sendo reduzida a cada década, mas voltou a aparecer nos últimos anos. Para se ter uma ideia, entre 2011 e 2013, o Ministério da Saúde registrou 4.921 casos em bebês menores de três meses, ou seja, 35% de todos os casos do país neste período, que foram 14.128. Essa faixa etária é ainda mais afetada em relação aos óbitos. No período, foram 204 óbitos — o que representa 81% do total nacional, que foi de 252 mortes.

    “Quem está suscetível a quadros mais graves são menores de 6 meses e estudos nos mostram que em 70% dos quadros a transmissão ocorre dentro de casa, sendo o transmissor da doença, na maioria das vezes, a mãe", aponta Richtmann. Por isso é importante que a gestante seja imunizada, para que possa transmitir suas células de defesa para o filho por meio da placenta e, após o parto, pela amamentação, para que o bebê fique protegido até que ele receba sua própria imunização — nas crianças, ela é feita com três doses da vacina Pentavalente (DTP, hepatite B e HiB), aplicada aos dois, aos quatro e aos seis meses de vida. Aos 15 meses e aos quatro anos de idade, o pequeno recebe o reforço com a vacina DTP. 

    Já o tétano também pode ser muito grave tanto nas mães quanto nos bebês que acabaram de nascer, configurando um quadro de tétano neonatal. A bactéria por trás do problema produz uma toxina que paralisa os músculos, inclusive os da respiração, levando a uma parada respiratória e, consequentemente, à morte. “O bebê pode contrair tétano neonatal principalmente através de uma infecção umbilical, por falta de higiene nesta região, mas é uma doença rara”, afirma Neves.

    Finalmente, a difteria é uma doença bacteriana que, em casos extremos, pode provocar um edema importante no pescoço, levando à asfixia, o que é especialmente perigoso em recém-nascidos. Como o pequeno só poderá ser vacinado contra estas doenças aos 2 meses de vida, é importante que a mãe o proteja por tabela, ao se imunizar.

    Quando tomar: se a mulher não tomou nenhuma dose dessa vacina antes de engravidar, é necessário tomar duas doses da dupla adulto (dT), com intervalo de no mínimo 30 dias e complementar com a dTpa. Caso a mulher tenha tomado uma dose da dT antes da gestação, ela deverá reforçar o esquema com mais uma dose da dT e outra da dTpa. Já para as mulheres que se preveniram com duas ou mais doses da dT, a dTpa pode ser administrada com apenas uma dose. Mulheres grávidas devem tomar uma dose da dTpa em cada gestação, independente de terem tomado anteriormente. O Ministério da Saúde recomenda, ainda, que a aplicação da dose de dTpa ocorra entre as 27ª e a 36ª semanas de gestação — período que proporciona maior proteção para a criança, com efetividade estimada em 91%. Entretanto, a dose também pode ser administrada até, no máximo, 20 dias antes da data provável do parto.

  • VACINAS LIBERADAS CASOS ESPECÍFICOS

    Os riscos de contrair algumas doenças não são tão altos para a maioria das gestantes, por isso elas não são indicadas a todas elas. Saiba se você precisa se imunizar! 

  • HEPATITE A

    Por que é importante: esta vacina não é prioritária para a gestante, mas pode ser cosiderada em mulheres suscetíveis. Em adultos, a hepatite A gera uma inflamação no fígado e pode apresentar sintomas como dores musculares, náuseas, vômito, cansaço e mal-estar. Porém, em alguns casos, ela pode ficar mais grave. “Há o risco de a hepatite A se apresentar de forma fulminante, em que o fígado vai a falência rapidamente”, conta Neves. Em gestantes, a encrenca é mais séria. “Há maiores probabilidades de uma hepatite mais grave e também de complicações para o feto”, conta Ballalai.

    Recomendação: a vacina é indicada para grávidas em condições específicas. “É o caso de uma mulher que vai viajar para um local em que a estrutura sanitária não é boa”, exemplifica Richtmann. Como a hepatite é transmitida por meio de alimentos ou água contaminados, a recomendação é que gestantes que trabalham em creches, na área do saneamento básico ou com alimentos, como cozinheiras ou nutricionistas, também se protejam.

    Quando tomar: esta vacina é inativada e pode ser tomada a partir do segundo trimestre de gestação e é aplicada em duas doses. Não é preciso um reforço e a vacina não está disponível em postos públicos, somente em clínicas privadas de imunização. 

  • MENINGOCÓCICA CONJUGADA

    Por que é importante: a meningite pode ser causada por vírus ou bactéria, esta última é mais grave e se divide em pneumocócica e meningocócica. As vacinas contra a segunda são recomendadas para adultos saudáveis. Como a meningocócica se ramifica em A, B, C, W e Y existem dois tipos de vacinas, uma apenas para o C, que representa 80% dos casos de meningocócicas, e outra que abrange A, C, W e Y. Ainda não há imunização para o tipo B. A doença pode levar à paralisia, perda da visão, audição e funções cerebrais.

    Recomendação: esta vacina é indicada para as gestantes somente em casos de surtos de meningite. A grávida que nunca tomou a vacina ou foi imunizada há mais de cinco anos deve receber a aplicação, que consiste em apenas uma dose e está disponível em clínicas privadas de imunização.

    Quando tomar: durante a gestação, quando for detectado o surto do problema.

  • VACINAS PROIBIDAS PARA GRÁVIDAS

    Fique alerta em relação às vacinas que não são recomendadas para as gestantes, pois são compostas de micro-organismos enfraquecidos, mas que ainda estão vivos. Portanto, há o risco de o feto contrair a doença para a qual a grávida está se imunizando. “Na prática, este risco é teórico, temos várias gestantes que tomaram a tríplice viral, só em São Paulo foram mais de seis mil mulheres e nenhum caso de contaminação”, conta Ballalai.

    As vacinas feitas com micro-organismos atenuados e que, por isso, devem ser evitadas por gestantes são: Tríplice Viral, Varicela Febre Amarela. A última pode ser aplicada na grávida quando os riscos de adquirir a doença superam os riscos potenciais da vacinação. Como exemplo, podemos citar as viagens a locais de risco de contaminação. A decisão de realizar a vacinação cabe ao médico.

    A vacina de HPV também é contraindicada para as gestantes. “Trata-se de um imunizante seguro, pois não contém o vírus atenuado. Mas, ela não é recomendada porque não temos experiências com o uso dela na gravidez”, explica Richtmann.

    Caso você tenha tomado algumas destas vacinas durante a gravidez, a recomendação é informar ao seu médico. “Assim, na hora do ultrassom este profissional ficará mais atento a detalhes relacionados à vacina”, diz Richtmann.

  • VACINAS PARA MULHERES NO PÓS-PARTO

    Caso a mulher não tenha se imunizado na gestação ou antes de engravidar, deve tomar essa providência logo após o nascimento do bebê. Nesta fase, você também consegue transferir anticorpos ao seu filho por meio da amamentação.

  • HEPATITE B

    Por que é importante: seu bebê será imunizado contra a Hepatite B assim que nascer, porém, caso você ainda não tenha tomado a vacina, ela continua importante para a sua saúde e também para evitar problemas em uma próxima gestação. Em recém-nascidos, as chances de a hepatite B evoluir para um quadro crônico é de 90%, de acordo com o Ministério da Saúde, por isso os bebês recebem a primeira dose contra hepatite B logo após nascerem.

    Quando tomar: caso você tenha iniciado a vacinação ainda grávida, provavelmente terá que tomar a última dose após o nascimento do seu filho. Esta vacina está disponível em postos públicos de vacinação para mulheres de até 49 anos ou em clínicas de imunização privadas, após esta idade. São três doses da vacina e não é preciso reforço.

  • TRÍPLICE VIRAL

    Por que é importante: caso você não tenha tomado esta vacina antes da gravidez, vale a pena se prevenir após o nascimento de seu filho. A tríplice viral proporciona proteção contra sarampo, caxumba e rubéola. “Esta última doença pode ser muito grave durante a gestação. Há o risco de o feto desenvolver a rubéola congênita, que pode causar abortamento, morte intrauterina ou malformação”, afirma Neves. Portanto, para evitar estresse na espera do próximo filho, previna-se.

    Disponível em clínicas privadas e em postos públicos de vacinação para mulheres de até 49 anos, esta vacina também é importante para a saúde da mãe, especialmente aquela que pretende viajar. O sarampo chegou a ser extinto no Brasil durante três anos, entre 2007 e 2009, porém na Europa passaram a ocorrer casos e brasileiros que viajaram para lá contraíram a doença. Além das consequências mais simples, o sarampo, que é causado por um vírus, pode levar a uma infecção no sistema nervoso central e resultar em problemas respiratórios, como uma pneumonia severa.

    De acordo com a SBIm, mulheres nascidas após 1962 devem receber uma ou duas doses (com intervalo mínimo de 30 dias) de acordo com o histórico vacinal de cada uma, de modo que todas recebam no mínimo duas doses na vida. Esta vacina é contraindicada para pessoas com histórico de reação alérgica em decorrência do ovo e para imunodeprimidos. O imunizante está disponível em postos públicos de vacinação.

    Quando tomar: após o parto, caso não tenha se vacinado antes de engravidar.

  • VARICELA (CATAPORA)

    Por que é importante: esta é para mamães que nunca tiveram catapora, o nome popular do problema. A varicela costuma ser mais grave em adultos do que em crianças. De acordo com a UNICEF, a taxa de mortalidade por catapora em adultos é cerca de 30 a 40 vezes maior do que em crianças de 5 a 9 anos. Como é uma doença viral que deflagra de 300 a 500 pequenas lesões na pele, cria-se uma porta de entrada para as bactérias que podem transitar pela corrente sanguínea e chegar ao sistema nervoso central, desencadeando infecções no pulmão e no cérebro. 

    Caso você pretenda engravidar novamente, também é importante estar imunizada contra a doença. “A varicela durante a gestação pode passar para o feto e ter efeitos gravíssimos como malformação congênita, abortamento e morte intrauterina”, conta Neves. Esta vacina é contraindicada para pessoas com histórico de reação alérgica em decorrência do ovo e imunodeprimidos. Disponível apenas em clínicas privadas de imunização, a vacina deve ser tomada em duas doses, com intervalo de um a três meses entre elas.

23/04/2015
Responsável Técnico: Dr. Fabio Daniel Mendes | CRM: 13047